Exercício Físico,Fisiologia do exercício,Metabolismo ALTERAÇÕES METABÓLICAS AO ESFORÇO FÍSICO

ALTERAÇÕES METABÓLICAS AO ESFORÇO FÍSICO

Vocês já se perguntaram quais seriam as primeiras alterações que temos quando iniciamos um esforço físico? Muitos pensam ser o aumento da temperatura corporal seguido do aumento da sudorese, outros pensam ser aumento do trabalho do coração em número e força de batimentos (aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, respectivamente). Ambos acontecem muito tempo depois de uma alteração imediata ao esforço físico.

Uma das primeiras alterações seria a quebra de nossa principal moeda energética, a chamada hidrólise do ATP (Adenosina Trifosfato). Esse ATP é uma molécula altamente armazenadora de energia química, e praticamente a única forma da energia ser utilizada por todas nossas células é por meio da quebra dessa molécula.

Mas professor, já ouvi falar que conseguimos obter energia pelos gordura (ácidos graxos), carboidratos armazenados (glicogênio) e até por creatina fosfato (sim, o resultado final da creatina que você suplementa)!?”. Essas são moléculas de nutrientes obtidos via alimentação (via exógena) ou sintetizados em nosso próprio corpo (via endógena), e em quesitos de função energéticas, elas liberam sim energia, mas essa energia é primeiramente utilizada para ressintetizar (fabricar) novas moléculas de ATP. Ou seja, só utilizaremos energeticamente os nutrientes quando nossas fontes de ATP estiverem no fim (lembrando que elas nunca acabam, ok?).

Mas professor, nós não estávamos falando das alterações que ocorrem imediatamente ao início do esforço físico?” Como como vocês já devem perceber, por estarmos falando de energia, a primeira fase do esforço é o aumento da necessidade energética, consumindo nossas reservas de ATP intramuscular, ou seja aquelas que já estão disponíveis para o músculo. E por incrível que pareça, essa reserva resiste a apenas, aproximadamente, 2 segundos de atividade física, a partir desse ponto nossos nutrientes começam a ressintetizar novas moléculas de ATP.

No processo de ressíntese de ATP pelos nutrientes, alguns produtos indesejados por nosso corpo são produzidos, e precisam ser eliminado, pois podem ser nocivos. Pensem em uma indústria, ela vai fabricar o produto final, mas durante o processo vai produzir também dejetos que precisam ser descartados. Nosso corpo também funciona assim. Entre esses produtos temos o dióxido de carbono (CO2) que está sendo fabricado dentro de nossas células musculares. A principal maneira de excreção de CO2 é por via respiratória, dessa maneira esse gás precisa sair de nossos músculos ativos e migrar para o pulmão via sangue, impulsionados pela frequência cardíaca e pressão arterial.

Quando o CO2 chega no sangue ele irá reagir com a água do plasma e formará ácido carbônico como ilustrado na equação a seguir (percebam que a equação é um processo reversível).

CO2 + H2O ↔ H2CO3

O problema é que esse produto é um ácido, e precisa ser eliminado o mais rápido possível (Cuidado: esse ácido é formado no sangue, não confundir com os íons de hidrogênio que são produzidos no meio intramuscular e que colaboram para a sensação de queimação durante certos esforços).

Mas felizmente o H2CO3 é detectado rapidamente por quimiorreceptores espalhados pelo corpo. E uma vez detectado começam as alterações mais perceptíveis pelos praticantes de atividade física: os quimiorreceptores enviam informações nervosas ao sistema nervoso para: 1) aumentar a atividade cardíaca, para acelerar o fluxo sanguíneo e levar esse ácido mais rápido aos pulmões; 2) aumentar a frequência ventilatória (aumentar a troca gasosa pulmonar) para que a reação siga sentido contrário, ou seja:

H2CO3 ↔ CO2 + H2O

Assim o ácido carbono é convertido novamente em CO2 que sairá para as vias aéreas via troca gasosa pulmonar e a água permanecerá no plasma sanguíneo. Desse modo, as primeiras alterações metabólicas frente ao início do esforço físico será aumento da demanda energética, como resposta o organismo ressintetizará mais ATP produzindo como consequência o CO2, e é justamente esta molécula que te faz aumentar a frequência ventilatória (hiperventilação) e frequência cardíaca e pressão arterial.

O ATP é a nossa moeda de energia, ele é o motivo de todas as outras reações, para que nossos músculos possam continuar contraindo e a gente se movimentando!

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